A Internet, nos dias de hoje, não passa de ficção. Um ecrã que nos afasta do mundo, como uma parede protege-nos do exterior. Protege... A internet protege-nos do mundo real. Aqui, podemos ser quem quisermos; o rapaz tímido torna-se extravagante, a rapariga inocente revela-se vingativa - Como nos romances, muitas das vezes, não há modo de saber a distinção entre o real e a ficção. Todos mentimos, online ou não, a internet simplesmente permite criar a mentira mais facilmente; não existem factores que nos possam denunciar. Quem pode saber por certo quem sou eu no mundo real, quanto mais no mundo online?
A maior mentira é quem mostramos ser no suposto mundo real. Quem me conhece? Às vezes nem eu própria me conheço. Sei que gosto de Mötley Crüe, ahah, também tu sabes isso. Todos sabem isso. Mas quem conhece os meus sonhos, os meus segredos, a profundidade do meu ser?
"Quem me dera descobrir o meu próprio segredo"
A memória escapa-me, não tenho a certeza se eram estas as palavras exactas... No entanto, diz tudo. Eu não sei o que se passa dentro de mim, quanto mais tu, pessoa à minha frente ou personagem atrás do ecrã. A verdade, é que eu já não me importo. Aqui, na internet, sou quem quero. Sou uma rapariga que gosta de falar e discutir, vingativa e orgulhosa. "Gosto mais de mim como personagem fictícia", dizia o blueeyedboy. Tenho de concordar. No mundo real sou apenas a rapariga que gosta de estar sossegada a um canto a ouvir música, a rapariga que odeia o mundo e a vida, a rapariga que quer desistir...
É a diferença da Mel e da Margarida, suponho. A Mel sonha e luta, a Margarida esconde-se e não quer saber.
O problema reside quando eu perco a noção dessa diferença, emergindo as duas personagens, confundido quem realmente sou.
Oh, Internet. If you only knew... If I only knew.
Depois, temos Vanity. A mente louca que fugiu de si mesma. Sou múltiplas personagens, nenhuma delas real, todas mentido à sua maneira. Qual delas é a mais real? Não sei, e talvez nunca saberei. Sei que ela mente, não directamente, não de propósito, mas é o seu mecanismo de defesa. Para além disso, sei que ela não está lá. Podes saber qual é o meu aspecto, podes ouvir o som da minha voz, mas eu fugi de mim mesma - sou só um corpo.
O título desta mensagem está errado. Não é a mentira online que interessa aqui, é a mentira da vida.