Sunday, November 20, 2011

Há momentos assim.

Quero o fim sem mudança; o fim sem a dor, o fim sem sentimento. Não o quero conversar, não quero ter de o enfrentar. Quero afastar-me sem o perceber... sem tu o perceberes.
Cansei-me. Acordei. Não me interessa o que pensas ou o que dizes. Cansei-me!
Não preciso de dizer tudo o que odeio... Tu sabes de cor o que me incomoda. O que me aniquila.
Não sei o que te quero dizer... Quero que aprendas a amar-me. Entendes?  Entendes o que quero e o que me mata? Entendes alguma coisa?...
Odeio a sensação de vazio que tenho quando estou contigo. Um vazio escuro e esmagador.
Odeio não saber o que fazer ou dizer. Odeio isto, odeio aquilo; odeio! Odeio tudo.
Infelizmente, não sou capaz de te odiar... Não sou capaz de me afastar.

Infelizmente, não tenho coragem de te mandar esta mensagem.

Saturday, November 5, 2011

Não te amo

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.


Almeida Garrett