Somos a fachada de uma coisa morta
E a vida como que a bater à nossa porta.
Quando formos velhos,
Se um dia formos velhos,
Quem irá querer saber quem tinha razão?
De olhos na falésia
Espera pelo vento,
Ele dá-te a direcção.
Ninguém é quem queria ser.
Eu queria ser ninguém.
A idade é oca e não pode ser motivo.
Estás a ver o mundo feito um velho arquivo.
Eu caminho e canto pela estrada fora
E o que era mentira pode ser verdade agora.
Se o cifrão sustenta a química da vida
Porque tens ainda medo de morrer?
Faltará dinheiro.
Faltará cultura.
Faltará procura dentro do teu ser.
Ninguém é quem queria ser.
Eu queria ser ninguém.
Diz-me se ainda esperas encontrar o sentido
Mesmo sendo avesso a vê-lo em ti vestido.
Não tens de olhar sem gosto
Nem de gostar sem ver.
Ninguém é quem queria ser.
Ninguém é quem queria ser.
Eu queria ser ninguém.
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