Thursday, October 3, 2013

Hoje li o teu olhar.


 Olá, José.

Hoje li-te. As tuas palavras desenharam o punhal que escondes. Vi-o: o punhal que será o nosso fim. Não o queria ver. Não o queria ler. A tua arma lírica encostada ao meu peito...
As tuas palavras cansam-me. Enlouquecem-me. Pára. Sai desse quarto fechado, não escrevas mais. Isto tudo, para quê? Pensas... Quis dizer-te boa tarde, mas cheguei tarde. Os curtos dias de outono não me deixam olhar-te. Olho-te sem te ver. Vejo as tuas palavras e choro. Hoje li-te. Chorei.
Inundas-me com as tuas palavras; afundo-me na sombra: A sombra da tua solidão... (És o reflexo do vazio.) Deixo as tuas palavras recheadas de dor perfurarem-me. Abandonas-me no chão gelado a sangrar frases mal ditas... Olhas-me com páginas em branco. Num suspiro, que esqueces de escrever, saltas. O teu vazio balonça por baixo dessa árvore rodeada de sol.
Hoje li-te. As tuas páginas mataram-nos: arrastaram-nos para o vazio: as tuas páginas uniram o nosso olhar... Um olhar que nunca existiu.

  Adeus, José.

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